segunda-feira, 27 de maio de 2013

Chapter 8


"Quando a tristeza bater em sua porta, diga: desculpa mas a felicidade chegou primeiro"
A peça acabou e eu estava super emocionada, mas com o idiota do meu irmão ao meu lado minha emoção acabou.
- Perfeito, vamos embora. - disse Jess enquanto íamos para a saída do teatro, onde o deus grego já não estava mais presente - e você Austin, quero distância de 100 m da minha irmã. 
- Não precisa se preocupar não Jess - falei - Eu mesma vou garantir que esse idiota fique a 200 m longe de mim. - falei irritada e vi Tyler abrir a boca espantado. - Qual o problema com você também?
- Não é nada, eu só... Não entendo. - ele disse e olhou para o Austin que fazia movimentos nada discretos para que Tyler não falasse o que quer que ele iria dizer. - Da onde você disse que era mesmo?
- Califórnia. - respondi revirando os olhos.
- De que parte exatamente da Califórnia? - ele perguntou.
- E isso importa? - perguntei.
- Muito. - murmurou. - Você era do interior? - perguntou agora com a voz mais alta.
- Não Tyler! - eu disse irritada, qual é, interior? Tenho cara de vaqueira agora? Tá, eu sei que exagerei, afinal eu tinha uma casa no interior quando era mais nova e adorava passar as férias lá, mas se as pessoas perguntam se você é do interior assim do nada é realmente algo preocupante. 
Retiro o que eu disse sobre o Tyler, ele é um idiota. Assim como o Austin. Quando eu estava indo para perto do meu pai vi o Austin dar um tapa na cabeça do Tyler que murmurou alguma coisa, parabéns Austin, com essa você ficou acima do Tyler.
- Vamos logo, ou vamos nos atrasar. - disse meu pai e eu franzi a testa. 
- Atrasar para que? - perguntei e fui ignorada, pelo meu próprio pai, ótimo. Meu dia estava realmente ótimo hoje.
Entramos no carro e nos sentamos nos mesmos lugares, porém dessa vez Austin e Tyler conversavam sobre mim aos sussurros enquanto meu irmão, meu pai e a Karen conversavam sobre o brilhante futuro do meu irmão. Que sinceramente, para mim seria brilhante só o fato de ele passar de ano.
O fato é que como os três conversavam animados, não ouviam a conversa lá de trás, na verdade nem eu conseguia ouvir direito. As únicas coisas que ouvi foi algo parecido com "Acha que ela não sabe mesmo?" do Tyler perguntando e ouvi Austin o repreender e pedir para falar mais baixo, depois ouvi "tentar descobrir" e "só pode estar mentindo".
Certo, eles não haviam realmente citado meu nome, mas eu sabia que falavam de mim, afinal para que falar tão baixo? E em que eu poderia estar mentindo? Quando cansei de dar uma de espiã liguei meu celular, mas estava sem sinal. Olhei pela janela e vi a linda Lua no céu.
- Só podem estar de brincadeira comigo. - eu disse para a Lua.
- Sabe maninha, acho que essa sua amiga - disse meu irmão e apontou para a Lua pela janela. - Não vai te responder.
Olhei para ele com uma cara séria e irritada, eu estava cansada, me segurei muito para não perder a calma ainda mais no teatro, mas aquele comentário do Jess foi o suficiente para me fazer perder a cabeça.
- Cala boca seu idiota! - gritei e joguei meu celular nele.
Me arrependendo imediatamente. Jess desviou e meu celular foi para trás, onde Austin estava com a janela aberta e ele voou pela janela fazendo eu dar um grito para o meu pai parar o carro.
Assim que o carro estacionou sai correndo atrás dele. Por incrível que possa parecer olhei para ele e não estava todo quebrado, pelo menos não na tela, já que ele tinha batido na lixeira da calçada, mas não ligava.
- Essa não. - eu disse desesperada e tirei o cartão de memória e o chip do celular. - Liga, liga, liga... - fui falando, mas nada acontecia.
- Querida, tudo bem? - perguntou Karen e limpei as lágrimas que já se formavam em meus olhos e assenti.
- Claro, vamos logo. - eu disse e entrei no carro sem olhar para ninguém. 
Eu estava irritada, mas estava ainda mais triste. Eu havia levado tanto tempo para conseguir fazer minha mãe comprar um celular decente para mim e agora ele simplesmente não funcionava. 
Encostei a cabeça no vidro e comecei a chorar silenciosamente, já não me importava mais com a maquiagem, só queria meu celular de volta. Continuei tentando inutilmente ligar meu celular até ouvir meu pai dizer:
- Chegamos.
Olhei e vi um restaurante, mas não um restaurante qualquer. Aquele era estilo uns que a água gelada devem custar $10. Não vou dizer que nunca tinha ido em um restaurante desses, mas que eu lembre era a terceira vez. 
As outras duas eu fui quando uma amiga da minha mãe estava comemorando aniversário de 20 de casamento e fez questão de falar para minha mãe deixar de ser mão de vaca e gastar o dinheiro com comida e não com sapato e bolsa. E da outra foi em uma comemoração de final de ano da empresa que minha mãe trabalhava. 
Tentei agir de forma natural e tratei de fechar logo a boca, para não passar vergonha naquele lugar, afinal, pelas expressões das outras pessoas aquele restaurante que deviam cobrar até pela sua respiração era algo normal.
- Vamos lá. - disse meu pai e abri a porta, mas antes de sair eu senti um peso no meu colo e me lembrei do celular.
Minha tristeza voltou, mas também me lembrei que a essas horas eu deveria estar com o rosto todo sujo de maquiagem.
- Passe isso querida. - disse Karen me dando um lenço umedecido assim que percebeu minha situação.
- Obrigada. - eu disse enquanto limpava o rosto e sai do carro. Melhor sem maquiagem do que com o rosto todo preto.
De qualquer forma levei meu celular que provavelmente agora só serviria como peso de papel.
Segui o povo todo e no sentamos em uma mesa redonda.
- Fiquem a vontade. - disse o garçom nos entregando o cardápio.
Fiquei olhando para o cardápio por um tempo. Perdida em meus pensamentos e tentando controlar as lagrimas que teimavam em querer cair.
- Julia? - ouvi a voz do meu pai e olhei para ele, pela sua cara eu podia dizer que provavelmente ele estava me chamando a um certo tempo e percebi que ele queria que eu fizesse logo o pedido.
- O mesmo que o Jess. - eu disse e voltei a olhar para baixo.
Eu tinha quase o mesmo gosto culinário que meu irmão, só torcia para que ele não tivesse inventado de pedir alguma comida exótica apenas por ter achado o nome legal (pois é, meu irmão as vezes fazia isso).
- Alguma bebida senhorita? - perguntou o garçom. 
- Um suco de laranja por favor. - eu disse e vi o garçom se afastar.
- O que acharam do lugar? - perguntou meu pai puxando assunto.
- Legal, espero que a comida seja boa. - eu podia jurar que essa frase havia sido dita por Jess, mas para minha surpresa foi Tyler quem disse isso. O que fez com que sua mãe ficasse envergonhada e dissesse que seu filho gostava de falar bobagens e disse que o lugar era lindo.
O jantar chegou rápido, ainda bem porque eu já estava morrendo de fome. E o melhor é que com a comida eu parava de pensar um pouco no meu celular.
Enquanto comia passei a reparar mais no restaurante. Ele tinha uma porta que levava á algo parecido com um jardim e perto dele tinha um homem que tocava musica clássica em um piano.
- Com licença. - eu disse me levantando depois de ter comido.
No inicio me dirigi ao jardim. Era pequeno, mas bem bonito e no final tinha um vidro que dava uma visão para a rua. Mas depois decidi voltar e ficar olhando de longe o cara tocar. 
Quando eu era mais nova costumava tocar, era muito legal. Na verdade não sei muito bem porque eu fui tocar piano, já que eu sempre gostei de bateria, mas vai entender. 
Olhei para o meu celular novamente, se ele funcionasse eu tiraria uma foto agora. Mas vi uma sombra pelo vidro se aproximando e mesmo assim me assustei quando ouvi aquela voz.
- Você está aqui. - disse Austin.
Eu poderia dar uma resposta grossa para ele e até diria mesmo, se eu não tivesse tão mal pelo meu celular.
- Eu... Queria pedir desculpa. - ele disse meio sem jeito e colocou as mãos dentro do bolso.
- Por? - perguntei sem entender e um pouco impressionada.
- Por minha culpa você perdeu o celular. - ele disse, sei lá. Por um momento achei que ele fosse se desculpar por ter me tratado de modo estranho no teatro.
- Não foi sua culpa. - eu disse e me virei para olhar o pianista novamente.
- Mesmo assim, se eu tivesse com a janela fechada nada teria acontecido com seu celular. 
- Bom... Tecnicamente você está certo. A culpa é totalmente sua por meu celular ter quebrado. - eu disse e ri, fazendo ele rir também. 
Depois disso ficamos os dois lá parados olhando um para o outro, apenas ouvindo ao fundo o pianista  tocar.
- Você toca? - ele perguntou depois de um tempo.
- Não muito. - respondi. - E você? - perguntei e ele riu.
- Você é engraçada. - ele disse se aproximando de mim e ficando encostado na parede á minha frente.
- É? - perguntei. - Posso saber o que tem de mais nessa pergunta?
- Tá. - ele disse rindo e revirando os olhos. - Não precisa fingir comigo ok? Eu já assisti filmes, sei que você sabe quem eu sou.
- Claro que sei, Austin. - eu disse. - Só se você tiver mentido seu nome, ai eu realmente não sei.
- Certo. - ele disse acho que considerando minha resposta, na verdade eu estava super confusa, o que ele queria dizer com "sei que você sabe quem eu sou"? - O que você fazia na Califórnia?
- Ia na escola e lia, quando não ficava conversando com a Mari e os garotos. - eu disse. - Por que?
- Curiosidade. - ele falou. - Bom... Você tem facebook?
- Na verdade tenho, mas não uso muito. - disse dando de ombros. 
- Eu também não. - ele respondeu rindo. - E twitter?
- Não tenho, sabe... Eu até cheguei a fazer uma época, mas não sabia o que postar então desisti.
- Tá explicado. - ele disse em voz baixa. - Então, me conta como é a Califórnia?
Comecei a contar para ele sobre tudo, o parque, os shoppings, as melhores lojas de sobremesas e tudo mais. Quando o Tyler chegou ficou ouvindo também a minha explicação, ele já tinha ido á Califórnia com a mãe algumas vezes e me disse onde tinha ido, mas eu lhe dei umas dicas para ele ir á alguns lugares que ele não conhecia e no final ele e o Austin falaram que quando fossem á Califórnia com certeza visitariam os lugares que eu havia recomendado.
- Vamos? - chamou meu irmão chegando. - Já pagaram a conta. 
- Ah, sim. - eu disse e segui meu irmão.
- Ei. - Austin me chamou quando estávamos andando para fora do restaurante. - Preciso te dizer uma coisa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário