quarta-feira, 8 de maio de 2013

Chapter 4


"Funkeiros só sabem escrever e falar uma palavra: "RECALQUE", até acho interessante, uma palavra escrita correta."
Meu pai resolveu pedir pizza e como ele ainda não havia comprado um interfone tive que descer e ficar esperando lá em baixo. A entrada do prédio até que era bonita, eu não precisava descer na portaria para ver quem estava lá, então fiquei esperando encostada na parede do prédio olhando para a rua.
Vi o garoto loiro que eu havia visto no elevador hoje cedo passando com mais dois amigos e rindo, mas pararam assim que me viram. O idiota tem amigos, isso é impressionante.
– Vamos embora. - disse algum deles, mas não sei quem foi, já que eu estava olhando para o outro lado.
– Espera. - ouvi o outro dizer.
– É nova aqui não é? - ouvi uma outra voz, dessa vez sabia que eles falavam comigo, mas não me virei, apenas continuei olhando a rua e torcendo para que o cara com a pizza aparecesse logo.
– Sem perguntas óbvias, por favor. - eu disse assim que percebi que ele não sairia de lá sem uma resposta.
Percebi que ele ia falar alguma coisa mas se calou ao ver alguém entrando na portaria e olhou na mesma direção que eu. NÃO, NÃO, NÃO! Eu não estava acreditando nisso, era uma pegadinha do meu irmão. Olhei para os lados procurando as câmeras, mas para minha infelicidade, era verdade.
– O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?! - gritamos ao mesmo tempo e isso chamou a atenção dos garotos ao meu lado. - EU MORO AQUI! - respondemos juntas mais uma vez.
Era demais para mim, a vadia loira que eu havia encontrado no avião, que havia me xingado e depois me atacado morava no mesmo prédio que eu! Com tantos prédios, justo esse?
– Fiquem calmas meninas. - disse um garoto moreno se metendo no meio de nós duas, que já estávamos em uma distância perigosa.
– SAI DA FRENTE AUSTIN! - ela gritou e empurrou o garoto brutalmente, porém o garoto do elevador foi mais rápido e entrou em sua frente a segurando para que ela não viesse para cima de mim, ao mesmo tempo em que o Austin vinha me segurar.
– Vocês podem explicar o que está acontecendo aqui? - perguntou o outro garoto que nos olhava.
– Não devo explicações á ninguém. - eu disse e me desvencilhei das mãos do Austin.
– Essa louca veio para cima de mim quando eu estava voltando da Califórnia. - ela explicou e eu olhei para ela incrédula.
– Eu te ataquei? - perguntei rindo. - Eu? Sério isso? Para de ser mentirosa garota, qual o problema em dizer a eles que você é louca e pulou em cima de mim? O que no caso é bem irônico já que você mesma disse que californianas tem sangue quente não é mesmo?
A loira a minha frente tentou vir para cima de mim novamente, mas foi segurada pelo garoto de cabelo claro e eu sorri triunfante.
– Me solta Tyler! - ela gritou e ele a soltou, mas percebi que Austin se ajustou ao meu lado para impedir a louca caso ela decidisse vir para cima de mim novamente.
– Olha aqui garota, você se meteu com a pessoa errada, agora querida assista o filme onde eu farei sua vida virar um inferno. - ela disse e eu ri.
– Certo, certo, se você quer ser a vilã, saiba que eu sou ainda pior. - eu disse e vi ela sorrir com escárnio e ir para dentro do prédio.
– Isso foi estranho. - disse Tyler.
– O que aconteceu realmente no avião? - perguntou o Austin olhando para mim e fazendo com que eu ficasse irritada por ter lembrado.
– É para o apartamento 402. - ouvi a voz de um homem dizer na portaria e vi que era o cara da pizza.
– É minha! - gritei indo correndo atrás da pizza e agradecendo mentalmente aquele cara, se eu tivesse mais dinheiro com certeza eu daria uma gorjeta a ele.
– Aqui está. - eu disse e entreguei o dinheiro a ele enquanto pegava a pizza. - Muito obrigada.
– De nada. - ele disse rindo.
Olhei para os garotos que ainda me olhavam atentos querendo uma explicação, eu sentia isso, mas eu também não os conhecia, qualquer que fosse o nível de amizade entre eles e a loira aguada não me interessava. Mas por outro lado, se eu não contasse aquela garota contaria sua versão da história para eles e até que eles haviam me ajudado com a maníaca.
– Tudo bem. - eu disse assim que passei do lado deles. - Eu conto o que aconteceu.
Vi eles sorrirem e percebi que o moreno, (Austin?) tinha um sorriso bonito, mas sem duvidas o de Tyler era mais. Foco! Eu tenho o Dan na Califórnia não deveria pensar em garotos agora. Balancei a cabeça tentando expulsar meus pensamentos e contei a eles uma versão resumida da história.
– Uau. - disse o garoto que descobri se chamar Robert.
– Inacreditável não é? - disse irônica e me levantei com a pizza que no momento deveria estar fria. - Mais uma coisa... - eu disse pensando na pergunta que estava em minha mente desde que havia a visto. - Ela...
– Mora mesmo aqui. - respondeu o Austin já sabendo a pergunta que eu faria.
– Na verdade o pai dela mora aqui e ela vem para cá pelo menos três vez por semana. - me explicou o Robert.
– Ah, guarda compartilhada. - eu disse me lembrando que no inicio da separação meus pais queriam fazer a mesma coisa comigo, mas depois desistiram já que meu pai preferiu se mudar para cá. - Tchau. - eu disse e fui em direção aos elevadores.
– Até mais. - disseram eles.
Entrei no elevador querendo mais do que nunca estar na Califórnia, perto da Mari para inventarmos algum plano de defesa contra a oxigenada. A porta se abriu e entrei no meu novo apartamento.
– Foi fabricar a pizza? - ouvi a voz do meu pai, é muito bom estar com uma pessoa que tem um ótimo bom humor, é claro que estou sendo irônica.
– Por acaso o Jess já chegou? - perguntei mudando de assunto e deixei a pizza em cima da mesa, eu nem estava mais com tanta fome assim.
– Ainda não. - ele disse e tocou na pizza. - Está fria Julia. - ele reclamou.
– Se queria ela quente talvez fosse melhor ir buscá-la. - eu disse irritada.
– Eu te trato com respeito, então acho melhor começar a fazer o mesmo comigo. - ele disse em sua típica voz autoritária.
– Você está certo, tem respeito comigo e respeita minhas opiniões não é? - eu comecei meu curto discurso. - Então por que me obrigou a vir morar com você? Para me afastar dos meus amigos? Já fiz alguma coisa errada por acaso? Obrigada pelo respeito e consideração pai. - eu disse irritada e fui para o quarto.
Eu estava agoniada, tudo o que eu mais precisava era arrumar uma inimiga aqui logo no primeiro dia... Em algum momento do meu choro, minha cabeça começou a doer e resolvi dormir, pelo menos nos meus sonhos eu teria paz e não teria que encontrar minha triste realidade.

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