sábado, 18 de janeiro de 2014

Chapter 44


"Seria tão bom se alguma coisa fizesse sentido, só pra variar"
Não tinha mais sorvete azul no freezer. Minha perna já devia estar com um cheiro horrível. Eu já estava cansada de ficar em casa e tudo que eu conseguia sentir nesse momento era raiva.
Eu havia escrito uma carta de resposta para Austin, eu sabia que ele havia voltado da China e isso já fazia CINCO dias. Cinco dias que ele estava aqui e não havia visto me visitar. Na verdade, ninguém tinha. 
A semana de provas na escola havia começado então todos estavam perdendo um grande tempo estudando para as provas e terminando os trabalhos, mas eu achava que era melhor assim. Bia tentou vir me visitar duas vezes, mas nas duas eu fingi que estava dormindo. Não queria contar para ela ainda sobre a carta. Queria manter isso como segredo e eu não sabia se eu conseguiria manter isso em segredo se nós conversássemos. E quanto aos outros, eu não queria que me vissem toda desarrumada.
- Cheguei. - disse meu irmão da sala.
Era hora de por o plano em ação. 
Eu ainda não havia conseguido nada durante essas duas semanas, mas hoje eu tinha um bom plano pra conseguir descobrir.
- E ai Jess, trouxe o sorvete que eu te pedi? - perguntei.
- Pediu? - perguntou ele.
- Sim, eu pedi. - menti cruzando os braços. - Deixei uma mensagem na caixa postal, já que você não atendia o celular.
- Eu estava ocupado. - ele disse. - E ninguém olha a caixa postal. 
- Jeeeess, por favor. - eu disse. - Já faz quase uma semana que acabou.
Ele respirou fundo e pegou de volta as chaves que havia jogado em cima da mesa. E eu sorri indo abraçar ele, mas quando fui me afastar acabei me desequilibrando e ele me segurou.
- Desculpa. - eu disse. - Não é fácil andar com a perna assim. - eu disse a ele. 
- Tudo bem. - ele disse e deu um sorriso fraco. - Eu já volto.
Assim que ele saiu de casa eu tranquei a porta e peguei dentro do meu casaco o celular dele que eu havia pego quando fingi quase cair. Não havia sido tão difícil assim como imaginei, ainda mais porque meu irmão colocava o celular no casaco ao invés de por no bolso.
Coloquei a senha, que eu havia descoberto ontem enquanto assistíamos filme, e entrou.
Lá estava uma nova mensagem da Verônica "Amanhã você abre". Amanhã ele abre o que? Essa Verônica não podia ser a mesma Verônica que eu conhecia. 
Comecei a ler as mensagens e minha boca se abriu ao ver "onde você está? tem muitos clientes aqui". Então quer dizer que meu irmão estava trabalhando? Jess num emprego fixo? Isso só podia ser brincadeira. Ele sempre falava que iria trabalhar, mas nunca realmente trabalhava.
Deixei o celular em cima da mesa e sorri ao saber que finalmente meu irmão estava tomando um rumo na vida. 
Outra mensagem apareceu, dessa vez a mensagem era do Chris dizendo "Pegou as respostas pra amanhã?". Coloquei a senha e abri de novo as mensagens.
Chris: Pegou as respostas pra amanhã?
Chris: Cade você?
Jess: Ok, 100 conto dessa vez.
Chris: Fmz. 7h amanhã, no mesmo lugar esteja lá.
Jess: To com elas, entrego amanhã
Chris: To precisando das respostas de bio, quebra essa pra mim.
Jess: haha rlx, foi fácil
Chris: Valeu cara, você é incrível.
Jess: Consegui
Chris: Boa sorte, você consegue.
Jess: To entrando aqui, continua controlado as câmeras.
Chris: Tudo certo, é só entrar.
Não tinham mais mensagens, meu irmão havia apagado as outras. Eu não conseguia acreditar que ele era tão burro a esse ponto.
Ouvi o barulho do elevador e coloquei o celular no chão enquanto ia até a porta para destrancá-la. Consegui chegar no sofá assim que meu irmão abriu a porta.
- Ah... Está aqui. - disse ele pegando o celular do chão.
- Já trouxe o sorvete? - perguntei e ele colocou o pote no balcão. - Obrigada. - eu disse e ele foi pro quarto sem falar mais nada.
Pelo jeito que ele havia ido para o quarto, não sairia mais de lá até amanhã. E eu ainda tinha uma coisa para fazer. Fui mancando até o meu quarto e peguei o envelope.
Eu estava torcendo para não ter ninguém em casa, ou com certeza eles ouviriam os meus batimentos cardíacos e acabariam abrindo a porta. Então seria meu fim, já que eu havia até mesmo esquecido de colocar uma touca no cabelo.
Coloquei a carta por baixo da porta e sai dali o mais rápido possível, antes que alguém aparecesse. Minha sorte foi ter levado a planta do prédio comigo pra segurar o elevador.
- Droga. - eu disse quando senti o elevador subir.
Deixei a planta no canto perto de mim e o elevador parou no 14º andar, para uma senhor e uma senhora com uma criança pequena entrar.
- É a planta do corredor. - a criança falou e tive vontade de treinar basebol com a cabeça dela, fofoqueira.
A mulher olhou para mim e para a planta e tratei de olhar para o numero do elevador, torcendo para que ele voltasse logo para o meu andar.
- Boa tarde. - eu disse a eles me despedindo e fui empurrando a planta de volta para fora do elevador, o que eu consegui depois de muito esforço, ainda mais porque eu tinha uma perna que não tinha como dobrar.
Eu só esperava não vê-los de novo, tenho quase certeza de que pela cara de nádegas que eles fizeram pra mim haviam pensado que eu tinha saído de algum filme de terror.
Deixei a planta em qualquer lugar do corredor e entrei em casa, como eu esperava, meu pai ainda não havia chegado e meu irmão ainda estava no quarto.
- O sorvete! - eu disse assim que vi o pote na mesa, eu havia saído por pouco tempo, mas foi tempo suficiente para o sorvete ficar mole. Deixei ele no freezer e fui assistir tv para esperar o sorvete congelar. Por que não haviam feito maquinas congelantes? Se tivesse alguma coisa parecida com o microondas que ao invés de esquentar congelasse eu iria ser uma pessoa muito feliz e principalmente, sem mais sorvetes derretidos.
- Oi filha. - disse meu pai quando chegou em casa. - Me ligaram do hospital e disseram para eu te levar lá em três dias para tirar isso ai de você.
- Sério? - eu perguntei animada.
- Sim. - ele disse. - E já comprei suas passagens para ir visitar sua mãe no próximo fim de semana, você vai na sexta assim que sair da escola.
- Muito obrigada! - eu disse sorrindo e dei um abraço nele.
- O que fez hoje? - ele perguntou enquanto me ajudava a me sentar de novo.
- Nada de mais. - respondi. - E você?
- O de sempre. - ele disse e se sentou do meu lado para assistir comigo ao filme que tava passando.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Chapter 43

]
"Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre capaz de amar e de acreditar outra vez."
Abri os olhos e olhei para a janela olhando a luz fraca que entrava. Devia estar cedo ainda, pensei e me deitei de novo para tentar dormir mais um pouco, mas não consegui voltar a dormir. Me levantei e senti uma dor forte na cabeça. Coloquei a mão e senti um galo pequeno. Ótimo.
Levantei com dificuldade e fui mancando até chegar no banheiro. Deixei minha perna que estava engessada toda encapada como se fosse um presente pra eu poder tomar banho. Eu odiava enfaixar qualquer coisa, depois sempre que tira fica com um cheiro horrível.
Foi difícil mas consegui tomar banho sozinha. Me arrumei e voltei direto para a cama, planejando mofar ali o resto do dia.
- Ju? - meu pai me chamou batendo na porta.
- Entra. - eu disse e ele entrou.
- Ouvi o barulho do chuveiro, não quer almoçar? - ele perguntou e eu olhei para o relógio que já marcava 14h, uau, para mim ainda eram pelo menos 11h.
- Não estou com fome agora, obrigada. - eu disse e meu pai olhou para a minha perna engessada.
- Você não pode ficar andando com ela assim. - ele disse.
- Ué, queria que eu chamasse vocês pra me ajudarem com o banho? - perguntei. - Tem coisas que eu tenho que fazer sozinha pai.
- Tá, tudo bem, mas cuide dessa perna e deixe ela no alto. - ele disse e saiu do quarto.
Eu odiava ficar dependendo de outras pessoas para me ajudar. Tirei o travesseiro para colocar em baixo do pé e vi que tinha uma carta branca debaixo dele. O envelope estava em branco, não dizia quem era o remetente então fui logo abrindo. A cada palavra que eu lia um milhão de emoções se misturavam na minha cabeça e vários animais travavam uma briga violenta na minha barriga.
Depois de ler ainda fiquei olhando para ela por um bom tempo. Eu não podia acreditar que Austin havia escrito uma carta para mim. Procurei meu celular por todo o meu quarto até que me lembrei que ele tinha ficado com a Bia, quando ela usou pra ligar pro meu pai.
Eu não sabia se ligava para ela, talvez não fosse uma boa ideia falar da carta para ela. Talvez fosse melhor não. Peguei o notebook e vi que Andy estava on-line, mas Mari não. Ela sabia sobre quem realmente era o Austin, talvez fosse melhor falar com ele. Ele sempre foi um ótimo conselheiro, talvez me ajudasse agora também.

[14:40] Julia: AAAANDYYY
[14:40] Anderson: oooi Ju! Pensei que já tinha esquecido dos amigos.
[14:40] Julia: Nunca!
[14:41] Julia: Andy preciso da sua ajuda.
[14:41] Anderson: Sabe... Estou sem dinheiro, acho melhor ligar pro seu pai pra ele pagar a fiança.
[14:42] Julia: Não estou presa idiota kk
[14:43] Anderson: A policia daí é fraca então haha
[14:43] Anderson: Então ju, do que você precisa?
[14:45] Julia: Bom... Eu recebi uma carta.
[14:45] Anderson: Carta? De quem?
[14:46] Julia: É, eu admiti para um garoto ontem que gostava dele e hoje achei uma carta dele na minha cama.
[14:47] Anderson: E o que estava escrito na carta?

- Julia? - meu irmão me chamou já entrando no quarto e escondi a carta de baixo do travesseiro. - Estou indo na sorveteria, quer alguma coisa?
- Na sorveteria da Anne? - perguntei e ele olhou para mim.
- Como sabe sobre isso? - perguntou confuso. - Na verdade, não quero saber, eu vou lá quer ou não?
- Quero. - eu disse animada. - Traz um azul pra mim.
- A Anne só toma esse sorvete. - disse ele. - Espero que não esteja me espionando por ai.
- Não se preocupe com isso, tenho coisas mais importantes pra fazer. - eu disse a ele e ele saiu sem dizer mais nada e bateu a porta. - VAI QUEBRAR A PORTA DO SEU QUARTO! - gritei e tirei a carta de baixo da cama.

Oi Ju,
Eu imaginei que estaria dormindo quando eu chegasse ai então resolvi escrever, já que estou indo para a China, eu volto logo, mas achei que tinha que falar com você sobre ontem. Na verdade eu gosto de você também e é exatamente por isso que decidi escrever minha primeira carta, também porque eu não tenho o número do seu celular e soube que ficou com a Bia então não iria adiantar muito também. Mas voltando ao assunto nós. Eu queria muito poder dizer que a gente poderia tentar e tudo, mas você sabe que não é tão fácil assim. 
Espero ainda poder ser seu amigo ou tentar continuar como era antes.
A propósito, adorei o beijo.
Com amor, AM.

[15:09] Anderson: ju, você acha que consegue tentar ser como era antes? Alguém já te disse que isso quase nunca da certo?
[15:11] Julia: não sei andy. Já ouvi falar kk
[15:11] Anderson: você gosta mesmo dele?
[15:12] Julia: acho que sim
[15:13] Anderson: para de drama ju, se for sim você tenta ser feliz. Se for não faz como ele disse na carta, se controla e volta a ser como era antes.
[15:13] Anderson: mas pensa bem antes de fazer alguma coisa.
[15:13] Julia: tudo bem, eu vou pensar.
[15:14] Julia: vou almoçar, até mais.
[15:15] Anderson: tudo bem, vai lá. Juízo. E vê se aparece mais vezes.
[15:16] Julia: eu vou voltar para ai quando minha perna melhorar
[15:17] Anderson: melhorar?
[15:17] Julia: acabei caindo e to com gesso
[15:17] Anderson: então cuida logo dessa perna pra vir pra cá, se estiver com o coração partido tenho uns amigos que podem te ajudar.
[15:18] Julia: deixa só o Jess saber disso.
[15:18] Anderson: esquece. Bom almoço.

Eu ri e me despedi dele. Falando em Jess... Será que ele havia mesmo feito alguma coisa com o Austin? Acho que não. Na verdade o que era realmente incrível era como ele havia conseguido vir aqui no meu quarto.
E ele me viu dormindo! Quem deixou ele vir? Só pode ter sido o meu pai, afinal Jess não é de acordar cedo e se Jess o visse não o deixaria entrar no meu quarto.
Me levantei e coloquei a carta dentro do guarda-roupa, antes de ir mancando até a cozinha. Vocês não tem ideia do que é andar com uma perna toda engessada. Não desejo um castigo desse nem pra Verônica. Se bem que ela até que podia estar aqui sofrendo no meu lugar.
- JULIA! - gritou meu pai me assustando e quase me fez cair. - Eu já não disse para você parar de andar?
- Mas eu...
- Senta ai que eu pego a comida pra você. - disse ele e me ajudou a sentar na cadeira.
Eu não sei pra que tanto drama. Eu nem estava sentindo dor. Na verdade eu nem sentia nada só o peso do gesso quando eu tentava andar.

Jess demorou quase 2h pra voltar, já tinha até esquecido que ele havia saído quando ele chegou com o meu sorvete.
- Trouxe o pote pra você. - ele disse assim que entrou.
- Deixa no congelador, já deve estar derretido. - eu disse e ele sorriu indo pra cozinha e me trouxe em pouco tempo o sorvete na taça.
- Está derretido? - ele perguntou e eu olhei para ele impressionada, quando eu saio do mercado não leva nem dez minutos e ele já está todo derretido eu realmente queria saber como o meu irmão havia conseguido, mas eu estava com fome de mais pra ficar perguntando.
- Por que esse sorriso Jess? - perguntei aflita, Jess sorrindo nunca era um bom sinal.
- Não é nada. - disse ele e foi para o quarto me deixando na sala para assistir televisão.

Domingo

Segunda

Terça

Quarta

QUINTA

SEXTA!!!!!!!!

Eu sempre adorei aquela parte do filme Lua Nova quando a Bella fica sentada na cadeira e vai passando os meses. Isso era antes. Sinceramente não sei como ela conseguiu. Tudo bem que a garota tinha perdido o amor da vida dela, mas eu estou a SEIS dias com a mesma rotina: banho; comer; tv; dormir. Não acredito que vou dizer isso mas... Eu realmente queria poder ir para a escola. Pelo menos me faria pensar um pouco menos nele e naquela carta.
Na quarta Bia me ligou, ela queria vir aqui me dar o celular, mas achei melhor que ela ficasse com ele por enquanto, já que meu pai ainda não sabe que Austin me deu ele.
Eu não aguentaria mais nem uma semana desse jeito e o médico disse que eu ia ter que ficar pelo menos vinte dias assim. Acho que eu iria enlouquecer e me matar antes disso. Eu precisava fazer alguma coisa.
- Oi Ju. - disse Jess entrando em casa.
- Onde estava? - perguntei, mas como sempre, ele não respondeu.
Eu já estava cansada disso. Toda tarde meu irmão sumia e voltava antes do meu pai. Pensei que isso iria parar depois de um tempo, mas não. Ele sempre saia e voltava no mesmo horário e quando estava em casa ainda ficava ansioso e toda hora olhava para o celular. Ele também já estava me enlouquecendo.
- Jess. - o chamei e ele olhou pra mim. - O que está acontecendo com você?
- Nada. - ele respondeu e voltou a olhar para a tv.
Achei melhor não insistir, mas eu ainda iria descobrir o que ele estava armando. Agora sim eu tinha alguma coisa pra fazer.
Abri os olhos e olhei para a janela olhando a luz fraca que entrava. Devia estar cedo ainda, pensei e me deitei de novo para tentar dormir mais um pouco, mas não consegui voltar a dormir. Me levantei e senti uma dor forte na cabeça. Coloquei a mão e senti um galo pequeno. Ótimo.
Levantei com dificuldade e fui mancando até chegar no banheiro. Deixei minha perna que estava engessada toda encapada como se fosse um presente pra eu poder tomar banho. Eu odiava enfaixar qualquer coisa, depois sempre que tira fica com um cheiro horrível.
Foi difícil mas consegui tomar banho sozinha. Me arrumei e voltei direto para a cama, planejando mofar ali o resto do dia.
- Ju? - meu pai me chamou batendo na porta.
- Entra. - eu disse e ele entrou.
- Ouvi o barulho do chuveiro, não quer almoçar? - ele perguntou e eu olhei para o relógio que já marcava 14h, uau, para mim ainda eram pelo menos 11h.
- Não estou com fome agora, obrigada. - eu disse e meu pai olhou para a minha perna engessada.
- Você não pode ficar andando com ela assim. - ele disse.
- Ué, queria que eu chamasse vocês pra me ajudarem com o banho? - perguntei. - Tem coisas que eu tenho que fazer sozinha pai.
- Tá, tudo bem, mas cuide dessa perna e deixe ela no alto. - ele disse e saiu do quarto.
Eu odiava ficar dependendo de outras pessoas para me ajudar. Tirei o travesseiro para colocar em baixo do pé e vi que tinha uma carta branca debaixo dele. O envelope estava em branco, não dizia quem era o remetente então fui logo abrindo. A cada palavra que eu lia um milhão de emoções se misturavam na minha cabeça e vários animais travavam uma briga violenta na minha barriga.
Depois de ler ainda fiquei olhando para ela por um bom tempo. Eu não podia acreditar que Austin havia escrito uma carta para mim. Procurei meu celular por todo o meu quarto até que me lembrei que ele tinha ficado com a Bia, quando ela usou pra ligar pro meu pai.
Eu não sabia se ligava para ela, talvez não fosse uma boa ideia falar da carta para ela. Talvez fosse melhor não. Peguei o notebook e vi que Andy estava on-line, mas Mari não. Ela sabia sobre quem realmente era o Austin, talvez fosse melhor falar com ele. Ele sempre foi um ótimo conselheiro, talvez me ajudasse agora também.

[14:40] Julia: AAAANDYYY
[14:40] Anderson: oooi Ju! Pensei que já tinha esquecido dos amigos.
[14:40] Julia: Nunca!
[14:41] Julia: Andy preciso da sua ajuda.
[14:41] Anderson: Sabe... Estou sem dinheiro, acho melhor ligar pro seu pai pra ele pagar a fiança.
[14:42] Julia: Não estou presa idiota kk
[14:43] Anderson: A policia daí é fraca então haha
[14:43] Anderson: Então ju, do que você precisa?
[14:45] Julia: Bom... Eu recebi uma carta.
[14:45] Anderson: Carta? De quem?
[14:46] Julia: É, eu admiti para um garoto ontem que gostava dele e hoje achei uma carta dele na minha cama.
[14:47] Anderson: E o que estava escrito na carta?

- Julia? - meu irmão me chamou já entrando no quarto e escondi a carta de baixo do travesseiro. - Estou indo na sorveteria, quer alguma coisa?
- Na sorveteria da Anne? - perguntei e ele olhou para mim.
- Como sabe sobre isso? - perguntou confuso. - Na verdade, não quero saber, eu vou lá quer ou não?
- Quero. - eu disse animada. - Traz um azul pra mim.
- A Anne só toma esse sorvete. - disse ele. - Espero que não esteja me espionando por ai.
- Não se preocupe com isso, tenho coisas mais importantes pra fazer. - eu disse a ele e ele saiu sem dizer mais nada e bateu a porta. - VAI QUEBRAR A PORTA DO SEU QUARTO! - gritei e tirei a carta de baixo da cama.

Oi Ju,
Eu imaginei que estaria dormindo quando eu chegasse ai então resolvi escrever, já que estou indo para a China, eu volto logo, mas achei que tinha que falar com você sobre ontem. Na verdade eu gosto de você também e é exatamente por isso que decidi escrever minha primeira carta, também porque eu não tenho o número do seu celular e soube que ficou com a Bia então não iria adiantar muito também. Mas voltando ao assunto nós. Eu queria muito poder dizer que a gente poderia tentar e tudo, mas você sabe que não é tão fácil assim. 
Espero ainda poder ser seu amigo ou tentar continuar como era antes.
A propósito, adorei o beijo.
Com amor, AM.

[15:09] Anderson: ju, você acha que consegue tentar  ser como era antes?
[15:11] Julia: não sei andy
[15:11] Anderson: você gosta mesmo dele?
[15:12] Julia: acho que sim
[15:13] Anderson: para de drama ju, se for sim você tenta ser feliz. Se for não faz como ele disse na carta, se controla e volta a ser como era antes.
[15:13] Anderson: mas pensa bem antes de fazer alguma coisa.
[15:13] Julia: tudo bem, eu vou pensar.
[15:14] Julia: vou almoçar, até mais.
[15:15] Anderson: tudo bem, vai lá. Juízo. E vê se aparece mais vezes.
[15:16] Julia: eu vou voltar para ai quando minha perna melhorar
[15:17] Anderson: melhorar?
[15:17] Julia: acabei caindo e to com gesso
[15:17] Anderson: então cuida logo dessa perna pra vir pra cá, se estiver com o coração partido tenho uns amigos que podem te ajudar.
[15:18] Julia: deixa só o Jess saber disso.
[15:18] Anderson: esquece. Bom almoço.

Eu ri e me despedi dele. Falando em Jess... Será que ele havia mesmo feito alguma coisa com o Austin? Acho que não. Na verdade o que era realmente incrível era como ele havia conseguido vir aqui no meu quarto.
E ele me viu dormindo! Quem deixou ele vir? Só pode ter sido o meu pai, afinal Jess não é de acordar cedo e se Jess o visse não o deixaria entrar no meu quarto.
Me levantei e coloquei a carta dentro do guarda-roupa, antes de ir mancando até a cozinha. Vocês não tem ideia do que é andar com uma perna toda engessada. Não desejo um castigo desse nem pra Verônica. Se bem que ela até que podia estar aqui sofrendo no meu lugar.
- JULIA! - gritou meu pai me assustando e quase me fez cair. - Eu já não disse para você parar de andar?
- Mas eu...
- Senta ai que eu pego a comida pra você. - disse ele e me ajudou a sentar na cadeira.
Eu não sei pra que tanto drama. Eu nem estava sentindo dor. Na verdade eu nem sentia nada só o peso do gesso quando eu tentava andar.

Jess demorou quase 2h pra voltar, já tinha até esquecido que ele havia saído quando ele chegou com o meu sorvete.
- Trouxe o pote pra você. - ele disse assim que entrou.
- Deixa no congelado, já deve estar derretido. - eu disse e ele sorriu indo pra cozinha e me trouxe em pouco tempo o sorvete na taça.
- Está derretido? - ele perguntou e eu olhei para ele impressionada, quando eu saio do mercado não leva nem dez minutos e ele já está todo derretido eu realmente queria saber como o meu irmão havia conseguido, mas eu estava com fome de mais pra ficar perguntando.
- Por que esse sorriso Jess? - perguntei aflita, Jess sorrindo nunca era um bom sinal.
- Não é nada. - disse ele e foi para o quarto me deixando na sala para assistir televisão.


Domingo


Segunda


Terça


Quarta


QUINTA


SEXTA!!!!!!!!


Eu sempre adorei aquela parte do filme Lua Nova quando a Bela fica sentada na cadeira e vai passando os meses. Isso era antes. Sinceramente não sei como ela conseguiu. Tudo bem que a garota tinha perdido o amor da vida dela, mas eu estou a SEIS dias com a mesma rotina: banho; comer; tv; dormir. Não acredito que vou dizer isso mas... Eu realmente queria poder ir para a escola. Pelo menos me faria pensar um pouco menos nele e naquela carta.
Na quarta Bia me ligou, ela queria vir aqui me dar o celular, mas achei melhor que ela ficasse com ele por enquanto, já que meu pai ainda não sabe que Austin me deu ele.
Eu não aguentaria mais nem uma semana desse jeito e o médico disse que eu ia ter que ficar pelo menos vinte dias assim. Acho que eu iria enlouquecer e me matar antes disso. Eu precisava fazer alguma coisa.
- Oi Ju. - disse Jess entrando em casa.
- Onde estava? - perguntei, mas como sempre, ele não respondeu.
Eu já estava cansada disso. Toda tarde meu irmão sumia e voltava antes do meu pai. Pensei que isso iria parar depois de um tempo, mas não. Ele sempre saia e voltava no mesmo horário e quando estava em casa ainda ficava ansioso e toda hora olhava para o celular. Ele também já estava me enlouquecendo.
- Jess. - o chamei e ele olhou pra mim. - O que está acontecendo com você?
- Nada. - ele respondeu e voltou a olhar para a tv.
Achei melhor não insistir, mas eu ainda iria descobrir o que ele estava armando. Agora sim eu tinha alguma coisa pra fazer.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

CAPITULO EXTRA


"As vezes precisamos esquecer o que queremos para enxergar aquilo que precisamos."
- Fique aqui Austin. - disse A.C. me puxando pelo braço.
Eu tinha uma leve noção de que eu teria uma longa viagem de volta pra casa, mas havia valido a pena. Eu não esperava que ela fosse me dizer que gostava de mim. A.C. me dizia que isso era amor reprimido, mas quem liga para as palavras de um amigo quando o assunto é amor?
- Como foi que isso aconteceu Austin? - perguntou minha mãe preocupada e senti minhas bochechas corarem.
- Ah mãe, não sei direito também. - respondi. - Quando eu vi ela já estava chorando no chão e resolvi ajudar.
- Por que não nos ligou? - perguntou ela. - A menina estava machucada, você tinha que ter nos ligado filho.
- Quando eu pensei nisso eu já estava subindo com ela, não dava para pegar o celular no bolso. - respondi feliz com a boa desculpa que eu havia dado, mesmo que soubesse que eles não estavam acreditando muito nisso.
- Alex. - Bia o chamou e todos olhamos para ela, fazendo com que ela ficasse vermelha.
Ela sorriu envergonhada e foi até ele ficando nas pontas dos pés para falar alguma coisa em seu ouvido. A.C. assentiu com a cabeça e olhou para a gente.
- Tenho que levar ela para casa, você vem também Zach? - perguntou A.C.
- Vou sim. - disse Zach indo atrás de Bia, que esperava A.C. no início das escadas. Não sei como Zach conseguia dar em cima de todas as garotas. Ele dizia que já que nenhum de nós aproveitávamos a fama, ele tinha que aproveitar. As vezes Robert também entrava na dele, mas para eles era fácil. Podiam ficar com as fãs que eles quisessem que não seriam capa da TMZ com o nome deles e o da garota como se já fossem um casal.
- Ei, Austin quer dormir lá em casa? - perguntou A.C. - O Drew viajou com a família da namorada.
- Mãe eu... - comecei a dizer, mas ela me interrompeu.
- Vai ser melhor que você vá com eles mesmo, tem um monte de fã lá fora agitada por causa da ambulância. - disse minha mãe.
- Ei Rob, você vem também? - perguntou A.C.
- Já que Jess se mandou, acho que não vai ter problema. - disse ele e eu sorri.
- Não durma muito tarde, amanhã vou pra lá cedo pra te buscar. - disse minha mãe e eu assenti me despedindo dela e fui correndo atrás deles, afinal, eu queria sentar no banco da frente.

Conseguir me sentar na frente não foi um problema. Difícil mesmo foi ter que aguentar os três me perguntando o que tinha acontecido, depois que deixamos a Beatriz em casa.
- Fala logo Austin. - disse Zach.
- Todos nós sabemos que ela não caiu sozinha. - disse A.C.
- Pelo menos ela caiu de roupa. - disse Rob.
- Vocês sabem que o Austin não faria sexo com ela, nem com ninguém. - disse A.C. e eu o dei um tapa na cabeça. - Na escada, você não deixa eu terminar! - reclamou A.C.
- Mas teve mão boba né? - perguntou Rob.
- Claro que teve. - disse Zach. - Ele tava carregando ela no colo, deve ter passado a mão na bunda "sem querer".
- Vocês não param? - perguntei.
- Você não responde? - perguntou Zach de volta e eu respirei fundo.
- Não teve mão boba, ela estava machucada. - eu disse e eles começaram a me bater fazendo um coro de "AAAAAH"
- Pegador. - disse Zach e eu ri.
- Conta como foi? - perguntou Rob.
- Serio que você quer saber? - A.C. perguntou olhando pelo retrovisor. - Não era você que queria tanto ficar com a Julia?
- Reconheço uma causa perdida. - disse Rob dando de ombros. - Vai Austin conta logo.
- Ok. - eu disse e passei a mão nervosamente no cabelo. - Lembram que eu falei que ia conversar com ela?
- Sim. - disseram em uníssono. Até A.C. estava olhando para mim ao invés de prestar atenção na rua.
- ALEX! - eu disse e apontei para o carro que vinha em nossa direção, já que A.C. estava na contra mão.
- Desculpe. - disse ele se desviando. - Pode contar.
- Eu vi que ela estava indo embora e a chamei para conversar e ela veio com uma conversa louca de que a gente já tinha conversado, mas enfim. Eu queria mesmo contar tudo pra ela, mas na última hora eu decidi voltar e ela me segurou e eu cai em cima dela.
- Ai você beijou ela para a dor passar? - perguntou Zach.
- Não! Eu a beijei quando ela disse que gostava de mim. - eu disse e A.C. pisou no freio, nos levando para a frente.
- ELA DISSE O QUE? - perguntou A.C. boquiaberto.
- Eu estava a levando para cima e ela disse que gostava de mim, ai eu acabei a beijando. Nossa gente para que tanto drama? - eu disse e cruzei os braços.
- E depois do beijo você disse mais alguma coisa? - perguntou Rob.
- Não que eu lembre. - eu disse e dei de ombros.
- Austin. - disse Zach. - Você é um idiota.
- Ela beija bem? - perguntou A.C. voltando a dirigir e virou na rua de sua casa.
- Também quer entrar na fila? - perguntou Rob. - Não perguntamos se sua namorada beija bem.
- Voltando pro Austin. - disse A.C. enquanto estacionava. - O que vai fazer agora?
- Eu não sei. - eu disse.
- Você tem sua carreira, não tem que se preocupar com mulheres agora. - disse Zach.
- É. - disse A.C. desligando o carro. - Eu sei que você gosta dela e tudo, mas cara você tem que ter noção de que você vai sair em turnês e ficar fora por um bom tempo. Se você quer saber de uma coisa Sarah e eu estamos num relacionamento péssimo ultimamente. Eu passei quase todo o tempo de férias com você e agora que eu voltei ela quer atenção total e eu tento, mas pra ela nunca é o suficiente.
Alex tirou o cinto e saiu irritado do carro entrando em sua casa.
- Pense bem cara, só não faz nenhuma bobagem. - disse Rob.

Rob estava dormindo. A.C. estava dormindo. Zach também estava dormindo. Claro que eles estavam dormindo, estavam cansados. No entanto, eu também estava cansado. Mas eles estavam dormindo porque não tinham beijado a garota que eles gostam e não tinham que se preocupar com nada.
Eu precisava dormir, mas a lembrança do beijo não saia da minha cabeça. Antes de entrar no avião eu iria para a casa da Julia e falaria com ela. Não. Eu iria acabar travando e ficaria parecendo um idiota. Peguei o celular, eu ia mandar uma mensagem para ela. Infelizmente, eu não tinha o numero e também não iria adiantar muita coisa já que o celular dela estava com a Bia. Me levantei da minha cama improvisada no quarto do Alex e fui atrás de um papel.
Decidi escrever uma carta falando tudo o que eu não conseguiria dizer pessoalmente. Dobrei e coloquei no bolso do short, depois eu pegaria um dos envelopes que eu tinha lá em casa.

- Austin! - gritou Rob e eu acordei assustado. 
- Mas que porra... - resmunguei e ele já foi me levantando.
- Não temos tempo para isso, sua mãe está lá fora, vamos logo pra casa. - ele disse enquanto ia tirando os edredons do chão e os jogando no sofá. - Vamos. - ele foi me puxando para fora do quarto e em poucos segundos eu já estava no carro ouvindo minha mãe reclamar sobre a demora.
- Que horas são? - perguntei.
- Quase oito. - ela disse e assim que Robert entrou ela já saiu com o carro. - Suas malas estão prontas não?
- Estão sim. - menti. - Que horas é o voo? 
- Onze. - ela disse nervosa. - Eu ia vir mais cedo, mas quando fui sair vi que todos os pneus do seu carro estavam furados. E a borracharia só abria as 7h.
- Pera ai... - eu disse e olhei para ela. - Como assim todos os pneus do meu carro estavam furados?
- Acho que alguém os furou, tentei olhar na câmera do prédio mas não vi nada. - disse ela e eu cruzei os braços irritado. 
Ninguém falou mais nada durante o caminho. Minha mãe esperou no carro enquanto eu iria pegar as malas.
- Você tem ideia de quem foi não tem? - perguntou Rob rindo.
- Tenho. - respondi contrariado. - Pensei que fossemos amigos.
- É que você não tem ideia do quanto ciumento o Jess é em relação á irmã. - disse Rob.
- Agora sei o motivo real de você ter pulado fora. - eu disse e ele riu.
Eu já tinha noção do que levar eu nem tinha desfeito direito minha ultima mala, então só tive que jogar mais algumas coisas dentro dela e pegar o skate. Eu estava quase pronto, só tinha mais uma coisa pra fazer. 
Peguei um envelope no guarda roupa e coloquei a carta dentro dele.

- Olá senhor. - eu disse ao pai da Ju.
- Bom dia.
- Eu estou indo viajar e só queria ver se ela está bem, posso entrar?
- Ah claro. - ele disse olhando para minhas malas que estavam na sua porta. - Ela está no quarto.
Fui até lá torcendo para não me encontrar com Jess no meio do caminho. Do jeito que eu estava bravo pelos pneus do carro iriamos acabar numa briga séria. Abri a porta de seu quarto devagar e sorri ao vê-la dormindo. 
Ela estava coberta, somente com a perna engessada para fora que estava em cima de uma pilha de cobertores. Eu não podia demorar. Deixei a carta do lado de sua cama e me preparei para sair, mas decidi voltar. Se alguém entrasse aqui e pegasse a carta? Eu não podia correr esse risco. Voltei e coloquei devagar a carta de baixo do travesseiro. Ela nem se mexeu, continuava dormindo.
Por mais que eu quisesse acordá-la e falar com ela antes de ir, eu sabia que não podia fazer isso. Aproximei minha boca da sua e dei um selinho demorado e sorri.
- Austin. - ela disse sonolenta e eu me afastei rapidamente. - Austin. - ela disse de novo, mas ela não estava acordando, como eu pensava, só estava sonhando. Comigo! 
- Bons sonhos Ju. - eu disse e sai o mais rápido que pude do apartamento, agora sim eu estava pronto para viajar.