Chapter 27

"Não julgue a maneira que demostro meus sentimentos. É estranho, é diferente, mas é verdadeiro."

Acordei muito mal humorada. Pelo menos era sábado e eu não teria aula, mas mesmo assim eu não queria sair com o Austin e na verdade eu não tinha entendido qual era o lance dele de querer sair comigo.

Eu sentia que isso ia dar merda. Mas o motivo de eu ter acordado as 10h da manhã no sábado, não era esse. Era o beijo do Robert. De algum jeito aquilo havia me afetado. Eu tinha certeza de que não estava gostando dele, mas eu também não podia dizer que eu estava normal.

- Mari. - eu a chamei no telefone.

- Caralho Julia olha a hora! - ela disse brava com voz de sono.

- Controle a boca porque você não esta falando com nenhuma vadia não e eu tenho uma coisa para te contar. Tenta adivinhar. - falei e me deitei na cama.

- Você vai vir para cá esse fim de semana? - ela perguntou.

- Quem dera. - eu disse. - Tenta de novo.

- Ta namorando com o Austin. - ela disse.

- CREDO MARI! - gritei. - Qual é o problema de vocês com esse garoto? - perguntei irritada. - Eu não gosto dele e ele não gosta de mim. Pronto. Fim. Nenhum relacionamento. Quer dizer... Eu acho que ele não gosta de mim né, porque eu vou sair com ele hoje então... Estou confusa.

- Pera ai... VOCÊ VAI SAIR COM ELE? - ela perguntou chocada e agora sem a voz de sono.

- Não é bem sair tipo um encontro, eu acho. Sei lá, a gente só vai sair Mari, não tem nada de mais nisso. Mas eu queria dizer que ontem o Robert me beijou. Na verdade me agarrou mesmo. - eu disse e ela riu.

- Não acredito nisso.

- Acredite. Ele tem pegada.

- Já entendi então... - ela disse pensativa. - Você se apaixonou pelo Robert.

- Claro que não Ma.

- Então está apaixonada pelo Austin. Toma cuidado eles são amigos.

- Eu não estou apaixonada por nenhum deles. - eu disse e ouvi ela respirar fundo do outro lado.

- Tudo bem então, se divirta no seu encontro não encontro. Ontem o Andy veio aqui e foi embora muito tarde, estou muito cansada. Beijo Ju. - ela disse e desligou.

Ligar para a Mari não havia adiantado nada da minha vida. Eu ainda estava pensativa, mas ela tinha dito uma coisa que realmente fazia sentido "Toma cuidado, eles são amigos". Se Robert gostava mesmo de mim, como eu imaginava, talvez ele não fosse gostar dessa história de eu sair com o Austin.

Eu ainda achava que tinha alguma coisa por trás disso, mas eu não conseguia descobrir o que era. Resolvi levantar e fui até a cozinha. A louça estava limpa e a mesa já havia voltado ao normal. Assim que eles foram embora eu descobri que na verdade as cadeiras e as duas mesas ficavam em um quartinho na lavanderia que eu nunca tinha visto. Mas a louça sobrou para mim e para Jess.

Resolvi fazer panquecas. Sempre amei panquecas. Peguei os ingredientes e fiz três massas de panqueca. Guardei as coisas e coloquei a primeira massa no fogo. Bom... Nos filmes eles viram e sempre dá certo, mas como a vida não é como nos filmes... Eu fui tentar virar e acabei deixando ela dobrar.

Peguei a segunda e fui tentar fazer certo. Quando ela começou a borbulhar eu tirei do fogo e fiquei treinando em como eu ia fazer para virar ela.

- O que você está fazendo? - perguntou Jess entrando na cozinha e quase me fez jogar a frigideira para cima.

- Estou fazendo meu café da manhã. - eu disse e voltei a me concentrar na panqueca. - 1, 2... 3! - eu disse e joguei ela para cima, mas a massa subiu só uns 2 cm de distancia da frigideira.

- Você está fazendo errado. - disse Jess e eu olhei para ele.

- Ah... Jura? - disse sarcástica. - Talvez se você deixasse eu me concentrar eu acertaria.

- Tá bom então, essa eu quero ver. - ele disse e comeu um pedaço da panqueca que eu tinha feito dobrada.

Olhei fixamente para a frigideira, pedindo mentalmente que ela colaborasse comigo. Fiz força para cima e a panqueca subiu, mas não virou. Fazendo Jess rir.

- Faz melhor então. - eu disse irritada e ele pegou a frigideira e fez a panqueca virar perfeitamente. - E ai, como fui?

- Foi bonzinho. - eu disse e peguei a frigideira da mão dele, colocando ela no fogo para fritar o outro lado.

Eu não deixei o Jess me ajudar quando peguei a terceira e ela quase ficou perfeita quando virei, mas dobrou um pouco a ponta e eu desdobrei com o garfo. Jess acabou comendo uma das panquecas e depois saiu la de casa, dizendo que tinha assuntos importantes para resolver. Na verdade eu já estava ficando curiosa sobre quais eram esses assuntos, mas provavelmente era mulher.

Fiquei assistindo TV até as duas horas da tarde, quando decidi ir me arrumar para sair com o idiota. Isso não era justo. Eu havia cantado. Droga! Demorei bastante no banho e coloquei uma calça e uma blusa qualquer, não queria que ele achasse que só porque eu iria sair com ele fosse alguma coisa especial.

Mas antes de sair peguei uma blusa de couro, assim eu não ficaria nem formal, nem informal demais. Desci ás quatro e cinco e ele não estava lá na quadra. Dei um longo suspiro e me virei para voltar, mas vi Dave encostado na parede. Ele sorriu e fez sinal para eu ir até ele.

- Oi Dave, viu o Austin? - perguntei.

- Vi sim, ele está te esperando no carro. - disse Dave e segui até o estacionamento acompanhada dele.

Isso era estranho. Andar sendo seguido por alguém. Por um momento fiquei imaginando como os famosos andam, deve ser muito estranho ser acompanhado sempre por alguém. Vi Austin parado ao lado de um grande carro cinza.

- Oi. - ele disse e sorriu.

- Oi. - eu disse irritada fazendo ele rir.

- Vamos logo, estamos atrasados. - ele disse se desencostando do carro e deu a volta para entrar no lado do motorista.

Dave riu e abriu a porta da frente para mim, já que o Austin nem sequer havia feito isso.

- Com esse ai você vai precisar de boa sorte. - Dave disse e eu ri.

- Vamos logo Dave. - disse Austin me fazendo rir e entrar logo no carro, assim como Dave.

Eu achava isso estranho, sair com o Austin e o Dave, mas pelo menos com o Dave ali o Austin não iria tentar fazer nada. O silencio constrangedor ficou por pouco tempo no carro, pois Austin logo colocou a musica e para minha surpresa, notem a ironia, estava tocando Justin Bieber.

- Senhor. - eu disse e abri a janela, começando a olhar para fora.

- Não começa. - disse Austin e começou a cantar.

- NÃAAAO! - gritei e tampei os ouvidos. - LALALALA. - comecei a falar para não ouvir o Austin cantar, já que ele havia aumentado o volume.

Eu realmente não tinha nada contra o Justin, até achava ele bonito, mas o fato é que eu já havia ouvido todas as musicas dele umas um milhão de vezes na casa da Mari e podem acreditar, ouvir a voz dela durante quase três meses cantando as mesmas músicas me traumatizou.

- PRONTO! - ele gritou e mudou o som colocando em uma musica dele.

- Sério? - eu disse e olhei para ele sem acreditar, enquanto ouvia Dave quase morrer de rir no banco de trás.

Austin parou em um farol e eu e ele trocamos um olhar cúmplice e olhamos para o Dave que se contorcia de tanto rir da nossa cara.

- O que você tem aqui? - perguntei em voz baixa.

- Tem água no porta luvas. - ele disse e sorriu enquanto eu pegava a água e destampava ela. Peguei um copo de plástico que tinha lá e olhei para ele para ter certeza de que poderia jogar a água no carro e Austin assentiu sorrindo.

- AAAAAAAH! - ouvi o grito de Dave ao ser molhado, fazendo com que nós dois começássemos a rir. - HA HA MUITO ENGRAÇADO! - ele disse e olhou para a blusa. - ESSE CARRO É MEU! - ele disse nos fazendo rir ainda mais. - NÃO TE EMPRESTO MAIS CARRO NENHUM AUSTIN! Eu não acredito que você achou alguém para se juntar contra mim! Eu te abri a porta para você Julia! Como você pode fazer isso comigo?

A única coisa que eu conseguia fazer era rir, meu estomago estava doendo já. Tentei controlar minha risada e consegui fazer uma cara de inocente.

- Me desculpa Dave. - eu disse olhando para trás e recebi um olhar sério, fazendo eu voltar a rir.

- Vai logo Austin. - disse Dave não me respondendo ao ver o farol ficar verde.

Austin voltou a andar e colocou na rádio, deixando todas as músicas tocarem normalmente. Eu fiquei olhando para fora da janela e prendendo o riso enquanto ouvia as reclamações de Dave.

- Para onde vamos? - perguntei me lembrando que eu não fazia ideia para onde eu iria.

- Você vai ver. - ele disse e eu bufei me encostando no banco.

- Preciso parar. - Dave disse no banco de trás.

- Agora Dave? - perguntou Austin cansado e Dave apontou para a blusa molhada dele nos fazendo rir. - Espere um pouco, já estamos chegando.

Austin acelerou um pouco mais para chegar rápido. Quando tocou uma música da Demi eu comecei a cantar e notei Austin me olhar de lado rapidamente, me fazendo parar de cantar.

- Continua Julia. - disse Dave e riu fraco. - Gostei da sua voz.

- Não. Obrigada. - eu disse e me lembrei o motivo que havia me feito vir até aqui.

- Chegamos. - disse Austin parando no McDonald's.

Ele estacionou e nós saímos do carro com Dave reclamando que eu havia molhado todo o carro dele. Austin passou pela lanchonete e foi para a área do Mc Café.

- Sério? - perguntei me sentando na mesa.

- Eu gosto daqui. - ele disse e pediu um chocolate quente.

- Eu vou no banheiro. - disse Dave e se levantou. - Qualquer coisa me chame Austin. - disse e Austin assentiu.

- Você é má. - ele disse sem olhar para mim e eu olhei incrédula para ele.

- Você é tão culpado quanto eu. - disse cruzando os braços e ele ficou em silencio.

- Quer alguma coisa? - perguntou e eu comecei a olhar o cardápio.

Pedi um chocolate frio e um cookie. Vi Dave passar com um monte de papel na mão e pegou a chave do carro com o Austin.

- Por que me chamou? - perguntei assim que Dave saiu.

- Não chegamos onde eu queria ainda, você vai entender.- ele disse e eu revirei os olhos.

- Me diga logo, quero saber para onde estou indo. Agora.

- Não vou contar. - ele disse dando de ombros e a garçonete chegou nos estregando os pedidos. - Você vai saber quando chegarmos.

Bufei irritada e comecei a beber meu chocolate e comer o cookie. Percebi que Austin não estava bebendo o chocolate que ele tinha pedido, mas como se estivesse lido meus pensamentos ele olhou para fora e entendi que era para Dave o chocolate.

- Ok. - ele disse se apoiando com os braços cruzados na mesa.

- O que foi? - perguntei deixando o chocolate na mesa.

- Eu... Tenho uma coisa para você. - ele disse e sorriu ao me ver confusa.

Austin colocou a mão no bolso e tirou um iPhone branco colocando em cima da mesa. Ele ficou olhando para mim e sorrindo esperando minha reação.

- Você não... - comecei a falar assustada.

- Comprei para você, afinal... Você cantou não é? - ele disse e eu comecei a chorar sem acreditar. Ele pegou o iPhone da mesa e levantou. - Mas tenho uma condição.

- Ah... Claro. O que é? - eu sabia que estava fácil demais.

- Você aceitar esquecer tudo o que aconteceu e recomeçar tudo. - ele disse e eu pensei por um tempo, claro que iria ser difícil esquecer tudo o que ele disse, mas o iPhone valia a pena.

- Tá. Aceito. - eu disse e me inclinei para pegar o celular.

- E você tem que parar de chamar tanta atenção. - disse ele. 

- EI! Você disse uma condição. - o lembrei. - Agora já são duas!

- Mudei de ideia.